A mulher das castanhas.
O autocarro é sempre o mesmo. Percorro as avenidas de Lisboa sentada no lugar vago que apanho ao lado da janela e divago no caminho. Penso em mil coisas e em nenhuma em especial. Observo o mundo lá fora, vejo as gentes nas ruas, ouço o burburinho do que sussuram uns aos outros.
Vou só.
Ela senta-se ao meu lado, na coxia. Sinto-a próxima do meu corpo. Os lugares são apertados e nós, anafadinhas. Sorrio para ela de mansinho. Não a conheço. Volto o olhar para a janela. Não converso, mas num movimento inesperado, ouço-lhe a voz.
Ela traz um pacote de castanhas assadas na rua, daqueles feitos de folha de jornal velho. Ninguém o leu ainda, já está fora do prazo.
Eu não esperava vê-las ali - às castanhas. Foi em janeiro. Mas, ela viu-as algures e trouxe-as para saborear no caminho.
Fizeram-me companhia ambas.
Que feminilidade no modo como as descascava para não sujar a roupa que trazia, nem incomodar os vizinhos. Que delícia foi ouvi-la a trincá-las com prazer. A frescura do castanho meio esturricado, estremeceu-me por dentro. E aquela mulher, jamais me esquecerei dela.
Vou só.
Ela senta-se ao meu lado, na coxia. Sinto-a próxima do meu corpo. Os lugares são apertados e nós, anafadinhas. Sorrio para ela de mansinho. Não a conheço. Volto o olhar para a janela. Não converso, mas num movimento inesperado, ouço-lhe a voz.
Ela traz um pacote de castanhas assadas na rua, daqueles feitos de folha de jornal velho. Ninguém o leu ainda, já está fora do prazo.
Eu não esperava vê-las ali - às castanhas. Foi em janeiro. Mas, ela viu-as algures e trouxe-as para saborear no caminho.
Fizeram-me companhia ambas.
Que feminilidade no modo como as descascava para não sujar a roupa que trazia, nem incomodar os vizinhos. Que delícia foi ouvi-la a trincá-las com prazer. A frescura do castanho meio esturricado, estremeceu-me por dentro. E aquela mulher, jamais me esquecerei dela.
1 Comments:
Até lhes senti o cheiro... nessa descrição perfeita, do dia a dia, de todos nós.
Gostei. Obrigada pela partilha. Abraço ;-)
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