Cem Truques, Nu Azul

Um Lugar com Vista para Além de Mim ...

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Localização: Lisboa, Portugal

Simplicidade colorida de azul com um guache de água de colónia, seria certamente algo apetecível pelo cheiro, nem que fosse... Um alfinete-de-ama embebido em leite, uma sobremesa nova... E a imaginação, um rosto desfigurado de real...

sexta-feira, outubro 24, 2008

Intenções.

“Quero que valha a pena dizer-te aquilo que nunca te disse.
Bem sei que a incredulidade te habita incessantemente fazendo de ti um mendigo nas horas vagas. Um desabrigado de esperança, até de fé. Mas, mesmo assim, insisto em dizer-te aquilo que nunca te disse. Aquilo que, de denegação em denegação, tens vindo a fingir não escutar que é teu, que te pertence, para evitares perceber que existes e no que te tornaste.
Direi pois, da tua alma, que ela me inspira quase diariamente. Que, se espelho fosse de mim, me transforma a cada instante numa criadora, pelo menos em potencial – o que, diga-se de passagem, é sem dúvida o mais inédito de mim, e de ti em mim!. Não estando certa de me conseguir explicar (e tu sabes o como e o quanto eu gosto de me explicar!), a verdade é que te sinto realizador de filmes reais, ao contrário do que de ti, sempre disseste conseguir ou sequer almejar. Que te sinto um lugar humano confortável e acolhedor para mim, que te sinto um relógio que procura andar num compasso permanente de paz e tranquilidade que me ampara e segura nos meus mais secretos sonhos. Que me permites imaginar-me junto a uma lareira em fogo, embalando os filhos que serão os nossos, enquanto em conjunto preparamos um futuro por realizar, por descobrir ainda.
Sinto-te como alguém que, na sua profunda insatisfação, apenas demonstra a sapiência que tento tantas vezes em vão, procurar no meu silêncio inquietante. Aparentemente desinteressado do mundo dos afectos, procuras desligar-te antes, sim, do supérfluo que nele persentes, e que sabes não servir para mais nada a não ser para alimento de vaidades alheias a ti e aos teus desejos. Enredos desmedidos, com falhas de discurso ou com palavreados estupidificantes esmorecem-te a paciência que talvez ainda não tenhas. Contudo, ao imaginar-me com filhos nossos ao colo, persinto que é neles que acreditas estar a luz iluminadora do teu vazio.
Não tenho dúvidas, pelo menos hoje, de que podes ser o presente mais precioso que o mundo me enviou. Que, apesar da minha teimosia, também eu não escapo ao banal, ao comum, ao evidente princípio da angústia existencial. Se quiseres, ao absurdo, ao cómico, ao extravagante, enfim, princípio da perpetuação...
Estou rendida às evidências. Não tenho por que mais me iludir ou enganar. Quero fazer parte integrante da tua vida, quero manter-te por perto da minha existência singela. Quero que te autorizes a despejar-te para dentro de mim. Quero. Sim...”

2 Comments:

Blogger Justine said...

Que fulgurante, arrebatadora, delicada declaração de amor. Ou declaração de princípios. De vida!
Ah a descoberta, a vertigem e o fascínio da descoberta.

15:24  
Blogger Alberto Oliveira said...

... e ele? nada? não se descose o marafado? Ele há sujeitos com tanta sorte, que não sabem quando a sorte lhe bate à porta e ficam na deles a olhar para ontem...

abraço e sorrisos.

16:39  

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