De tarde.
Sento-me de frente para o Palácio e deparo-me com uma espécie de sonho que me atravessa a alma, ao mesmo tempo que me ampara.
Respiro um Tempo preciso, o meu, Agora!, e pressinto a serenidade de outra alma que em silêncio me espera. Sou um abrigo, um caminho sem encruzilhadas, um céu limpo numa noite estrelada... Estou tranquila, na certeza da chegada.
Reflicto, entretanto, em como outrora não escrevi a solidão. Quase me esqueci de quantas eram as palavras que sempre me faltavam, sobretudo quando pretendia bordar com elas um tecido qualquer que disfarçasse a mágoa e servisse para me tapar na hora da minha morte. Perdi-me de vista nesse traçado escuro e Hoje não me apetece pegar na agulha e voltar a cansar os olhos a contar as quadrículas por preencher. Não gosto do desenho que escolhi nem tão pouco das rosinhas esculpidas à mão que adornam o dedal de prata que me ofereceram num aniversário em miúda.
O pouco entusiasmo que levava p’ra escolha das meadas de linha, era o derradeiro instante que me escapava. Disso, lembro-me muito bem! Importava apenas que me entretivesse...
Admito que desisti de me preocupar com o preceito que dá valor às coisas. Fazer e desmanchar para voltar a fazer, dá muito mais trabalho do que estar aqui simplesmente sentada de frente para o Palácio.
Posso observar os que passeiam de mãos dadas p’lo Sol, ou ouvir as conversas alheias travadas à toa enquanto se aguarda o esmorecer do calor. Permito que as letras me escorram dedos abaixo sem pensar nas palavras que com elas formo. Mais importante do que o preceito que dá valor à coisa, é o tanto que me divirto exercitando os dedos que são os meus, sem anéis nem artíficios, naturais...
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Gosto de sentir esta lente imaginada, com que vejo o mundo à minha volta, nada nada embaciada, que me deixa ver por dentro. Apetece-me a vida toda num momento. Aguardo poder olhar nos teus olhos e dizer-te enfim, que te Amo!
É a solidão que escrevo agora, pois só nela me pernito aligeirar os desígnios da minha sorte. Tanto me faz que seja tarde ou cedo, que se diga que a prosa precisa de regras. Quero a leveza das gentes mundanas a povoar o meu entardecer; quero palpar a massa vulgar do lote negro e branco dos teus cabelos e navegar na luz do teu abraço. Sinto cá dentro o ritmo do teu andar e a graça do teu sorrir. Vem Amor, vamos dançar!
Respiro um Tempo preciso, o meu, Agora!, e pressinto a serenidade de outra alma que em silêncio me espera. Sou um abrigo, um caminho sem encruzilhadas, um céu limpo numa noite estrelada... Estou tranquila, na certeza da chegada.
Reflicto, entretanto, em como outrora não escrevi a solidão. Quase me esqueci de quantas eram as palavras que sempre me faltavam, sobretudo quando pretendia bordar com elas um tecido qualquer que disfarçasse a mágoa e servisse para me tapar na hora da minha morte. Perdi-me de vista nesse traçado escuro e Hoje não me apetece pegar na agulha e voltar a cansar os olhos a contar as quadrículas por preencher. Não gosto do desenho que escolhi nem tão pouco das rosinhas esculpidas à mão que adornam o dedal de prata que me ofereceram num aniversário em miúda.
O pouco entusiasmo que levava p’ra escolha das meadas de linha, era o derradeiro instante que me escapava. Disso, lembro-me muito bem! Importava apenas que me entretivesse...
Admito que desisti de me preocupar com o preceito que dá valor às coisas. Fazer e desmanchar para voltar a fazer, dá muito mais trabalho do que estar aqui simplesmente sentada de frente para o Palácio.
Posso observar os que passeiam de mãos dadas p’lo Sol, ou ouvir as conversas alheias travadas à toa enquanto se aguarda o esmorecer do calor. Permito que as letras me escorram dedos abaixo sem pensar nas palavras que com elas formo. Mais importante do que o preceito que dá valor à coisa, é o tanto que me divirto exercitando os dedos que são os meus, sem anéis nem artíficios, naturais...
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Gosto de sentir esta lente imaginada, com que vejo o mundo à minha volta, nada nada embaciada, que me deixa ver por dentro. Apetece-me a vida toda num momento. Aguardo poder olhar nos teus olhos e dizer-te enfim, que te Amo!
É a solidão que escrevo agora, pois só nela me pernito aligeirar os desígnios da minha sorte. Tanto me faz que seja tarde ou cedo, que se diga que a prosa precisa de regras. Quero a leveza das gentes mundanas a povoar o meu entardecer; quero palpar a massa vulgar do lote negro e branco dos teus cabelos e navegar na luz do teu abraço. Sinto cá dentro o ritmo do teu andar e a graça do teu sorrir. Vem Amor, vamos dançar!
9 Comments:
O teu sedutor texto de introspecção leva-me por caminhos secretos e paralelos, revendo-me por vezes nas imagens que vais desenhando - ou bordando...
Gostei muito, pela escolha de direcções e pela esperança.
Abraço
Quem contempla, pouco dança. Solte-se a música. Solte-se o que nos vai cá dentro.
Ah! Bom!
Já sentia a falta de um texto destes...
Como diz a Justine, eu concordo.
Todos temos algo de Penélope, enquanto não chega quem ansiamos.
Olha, Azul, eu já não teço esperas. Vivo! Estou a viver, intensamente. E uma parte disso, a ti o devo. Lembras-te do empurrão que me deste há talvez um ano?
Alegria! Que ela te perdure!
Espero que não te importes que tenha levado emprestado um poema teu...
Algum inconveniente será de imediato apagado.
Um abraço ;)
Venho da Poesia Portuguesa. Gostei de te ler e conhecer um pouco. Beijos.
olá
pela poesia portuguesa cheguei aqui e adorei o que encontrei.. prometo voltar com mais tempos. Bom resto de semana
Olá Azul,
Adorei o teu poema "Ternura". Gostava de o 'postar' no meu Blog.
Dá uma vista de olhos por lá e vê se se adequa. Tenho coisas minhas e de outros. Posso pôr o teu? Não coloco enquanto não tiver a tua autorização, obrigado por escreveres.
Continua.
Beijos
Mário
Olá Azul,
Adorei o teu poema "Ternura". Gostava de o 'postar' no meu Blog.
Dá uma vista de olhos por lá e vê se se adequa. Tenho coisas minhas e de outros. Posso pôr o teu? Não coloco enquanto não tiver a tua autorização, obrigado por escreveres.
Continua.
Beijos
Mário
seja o ritmo o da música que em letra pintas, e a dança será alta, como tu, cara azul.
um beijo.
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