Elogios.
Falo-vos daqui em directo para elogiar publicamente mais alguém que vou tendo o prazer de conhecer a cada toque de dedos num piano. Um piano daqueles grandes como o que estava noutro dia num palco de um teatro algures numa cidade do Ribatejo e do qual falei no texto "O Recital". Um piano daqueles que têm uma aba gigante e que fazia parecer o "puto" um duende perto dele. Ontem voltei a ouvi-lo numa vila histórica que se colora diariamente de castanho chocolate. Pelo menos no meu imaginário. Tem muitas pedras bem conservadas nas paredes. Daquelas vilas que dá gosto visitar por nos transportar no tempo. Ontem tinha uns olhos límpidos esverdeados. Pude vê-los bem perto. Falei-lhes do que me disseram os seus sons tremendos ricos fortes certos. Aldrabou no Bach. Que indecência. Rimos por isso. Desculpa. Vi a outra face da lua genial que albergas dentro do teu cabelo de cupido. A insegurança. A incerteza. A dúvida. O desejo de agradar a todos. De não decepcionar. Ser pianista o que é. Tocar Bach sem parar. Tocar como o tocaste. Tocaste-me pela tua simpatia humana. Pelas notas falhadas. Pelos dedos nervosos. Cuidado com a procura da perfeição. Ela não passa de uma ilusão de óptica que às vezes nos ofusca e nos faz perder o rumo da nossa verdade. Estás completo dentro de mim. Como uma moeda. Tens as faces todas para crescer a encantar e a fazer-me sorrir e não desistir decididamente de acreditar nos génios. Parabéns pelo que me deste. Pelo que partilhaste de ti comigo. Até breve. Ao piano.
(Estes elogios têm um destinatário que se chama Rui Rodrigues. Tem apenas 17 anos e é um assunto sério no que toca a tocar piano. Aproveito este espaço para falar dele e recomendar a todos os que tiverem oportunidade de o ouvir, que não deixem de o fazer. No próximo recital informarei todos da hora e do local. Apareçam para estar perto desta estrela cadente.)
(Estes elogios têm um destinatário que se chama Rui Rodrigues. Tem apenas 17 anos e é um assunto sério no que toca a tocar piano. Aproveito este espaço para falar dele e recomendar a todos os que tiverem oportunidade de o ouvir, que não deixem de o fazer. No próximo recital informarei todos da hora e do local. Apareçam para estar perto desta estrela cadente.)
5 Comments:
Que pena! Tinha logo que ser no Sul, quando eu estou no Norte...
As coisas belas acontecem sempre no Sul. Porque será?
Linda a tua discrição. Gostei muito deste momento...
Um abraço de boa noite :)
Ora bem... Até que ponto estará o título certo, hem? «Elogios»?! Eu não sei, mas... Não vi nenhum «poderoso Prokofiev» ou «fantástico Kabalewsky». Isso deixa-me pensativo...(e um pouco alarmado. Estarei a perder qualidades?!)
Mas não. Sei que vi um comentário ("for the record": cuja dona insiste em baptizá-lo de «Elogios») de alguém que teve a coragem de me ir escutar, vai-se lá saber Deus como! A cada palavra que expressamos e a cada riso que trocamos, eu posso dizer que, para mim, é um «Elogio» ter a Céu na minha segunda actuação.
«Elogiadamente» agradecido...
O Puto
UAU, esse puto deve ser bem fixe para ter prendido assim a tua atenção e ter-te feito escrever desta maneira. Olha lá, ó puto, não decepciones a minha amiga, ok? Sempre e cada vez mais e melhor. Para ti, Azul: as tuas provas de amizade são muito gratificantes para quem as recebe e até para quem as lê. CHUAC!
Em fase de navegações descomprometidas passei pelo teu blog e li textos muito interessantes de que "Das Profundezas da Minh´alma" é um dos exemplos... mais recentes. A morte começa a ser assumida como espaço contavel quando temos a percepção (e tempo disponível... )da sua irreversibilidade.
Sobre a procura (ou a perseguição da) de perfeição opino que ela deva fazer parte da panóplia de "argumentos" de qualquer artista que se preze... embora se sabendo de antemão que a perfeição?! não existe. Naturalmente que uma carreira artística deve ser controlada, mas para se ser um óptimo (ou enorme?) pianista os dezassete anos de idade do exemplo que citas, já não são tão jovens como isso...
Cumprimentos.
Olá, Azul, é sempre bom reconhecer o mérito a talentos e a pessoas que, de alguma forma, se destacam. Tenho a certeza que, para o "puto", esta homenagem da tua parte vale mais do que muitas horas de ensaios porque até mesmo os "excelentes" apenas chegam ao estrelato quando devidamente reconhecidos e homenageados. O miminho sabe muito bem a quem se dedica ao maximo a uma causa, a uma arte, a uma opção de vida. Fica bem, amiga. Vai em frente, puto.
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