Francisco.
talvez acredite que
sobreviverei à lei da gravidade
ou à lembrança viva da tua voz
alegre
que, do nada, de repente
ecoa em mim e me devolve a gratidão
por te poder guardar como uma referência
diálogo sem promessas
sem condescendências ocas
trocas reais
feitas de afectos puros
autênticos laços pontes vitrais igrejas
nobres espaços
de partilha intensa
aquecem-me a alma
o meu sangue corre ainda
o meu coração pula em batidas compassadas
mais lentas do que o costume
mas apenas porque é de noite
apenas porque está frio e a lareira quase em cinzas
não permite que extravaze
preciso de reflectir para não me esquecer
que existo porque te amei
porque te conheci
não quero largar a pena com que escrevo
mantenho-a agarrada à folha
à linha
ao ponto mais ínfimo da letra com que
procuro re-desenhar eternamente os contornos do teu rosto
no meu quadro de ardósia fixa interior
a letra com que procuro antecipar a certeza de que
sobreviverei à lei da gravidade
que procurarei a cada instante tornar-me
em mais um pedaço de mim
ser-me mais livre e
cumprir-me na felicidade inadiável
agora inadiável
(para o meu irmão)
sobreviverei à lei da gravidade
ou à lembrança viva da tua voz
alegre
que, do nada, de repente
ecoa em mim e me devolve a gratidão
por te poder guardar como uma referência
diálogo sem promessas
sem condescendências ocas
trocas reais
feitas de afectos puros
autênticos laços pontes vitrais igrejas
nobres espaços
de partilha intensa
aquecem-me a alma
o meu sangue corre ainda
o meu coração pula em batidas compassadas
mais lentas do que o costume
mas apenas porque é de noite
apenas porque está frio e a lareira quase em cinzas
não permite que extravaze
preciso de reflectir para não me esquecer
que existo porque te amei
porque te conheci
não quero largar a pena com que escrevo
mantenho-a agarrada à folha
à linha
ao ponto mais ínfimo da letra com que
procuro re-desenhar eternamente os contornos do teu rosto
no meu quadro de ardósia fixa interior
a letra com que procuro antecipar a certeza de que
sobreviverei à lei da gravidade
que procurarei a cada instante tornar-me
em mais um pedaço de mim
ser-me mais livre e
cumprir-me na felicidade inadiável
agora inadiável
(para o meu irmão)
5 Comments:
Azul, vou tratar-te na 2ª pessoa. Respondo ao teu comentário que deixaste no nosso blogue e a este poema: não tens de pedir qualquer desculpa ou seja o que for. Acho que compreendo bem demais o teu silêncio e o que esconde.
Como já escrevi antes, num post qualquer, que a morte é um lugar onde não devemos regressar com muita frequência. Nunca nos habituamos a ela. Nem ao sofrimento, e à ausência, mas ainda assim o mundo continua a rodar absolutamente indiferente. Como costumo dizer também, já tenho alguns mortos no currículo e as feridas nunca sararam, nem as saudades passaram. Acredito que permanecem e vivem em mim e através de mim (e dos outros), que estão num lugar muito melhor que este e que um dia nos encontraremos.
E falar disto tudo, deixou-me triste, espero que tenha um efeito mais positivo em ti! Abraços
Que bom regressar à vida das palavras.
Senti o seu poema. Francisco é um símbolo de todas as perdas irreparáveis. Mas para si é uma palavra com dimensão humana, demasiado humana...
Que a vida viva, apesar do desgosto.
Bj.
O Francisco está no ceu a cantar com os anjos uma canção linda... uma das muitas que ele sabia de cor!!!
Ele está bem, está feliz, e ficará mais feliz ainda se os que o amam cá na Terra tambem cantarem por ele.
Em mais um dia em que o Francisco esteve ausente das nossas vidas, mas presente nos nossos pensamentos. Ontem (27) pensei várias vezes em te telefonar mas não o fiz, talvez por não ser capaz ou por ainda me custar a acreditar, mas acima de tudo porque não esqueço.
Um grande abraço
Olá Azul
Sei que só te comentei uma vez e que não sabes nada sobre mim, mas perdi o meu irmão há pouco mais de um ano e não consegui deixar de te dizer que para uma perda destas não há palavras, mas sei o que sentes.
Há ausências e dores que não passam nunca,mas o terror, o horror, o choque, atenua.E como disseram em cima é preciso pensar todos os dias que estarão bem, num sítio melhor e que vivem conosco e através de nós.
Deixo-te um abraço apertado e um sinal que estou por aqui.
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