Cem Truques, Nu Azul

Um Lugar com Vista para Além de Mim ...

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Simplicidade colorida de azul com um guache de água de colónia, seria certamente algo apetecível pelo cheiro, nem que fosse... Um alfinete-de-ama embebido em leite, uma sobremesa nova... E a imaginação, um rosto desfigurado de real...

domingo, dezembro 11, 2005

Deus.

Nomeio hoje, pela primeira vez, Deus. O Deus que há dentro de mim.
Sinto que cabe no meu espaço interno tanto quanto nele posso albergar toda a humanidade.
Penso que a história da velha que vos contei, bem como tudo o que vos disse através dela poderia agora resumir-se numa palavra:
Deus. Vocábulo expansivo, expansor. Fala. Voz.
Nunca compreendi como
hoje,
creio,
o que tantas vezes apregoei: Eu acredito nas pessoas.
Fui acusada de não saber o que dizia. De herege. De impura, insana. Acusei-me a mim mesma
porque pensava, pelo que pensava.
Quis firmemente acreditar "Nele" mas teimosamente sentia que me era impossível tal façanha.
Entre "Ele" e Eu havia um fosso intransponível. A palavra não correspondia ao som que ecoava em mim de cada vez que me esforçava, em vão, para negar a caesura.
Percebo
hoje
que não valeu a pena o esforço. A caesura existe. Deus existe. Eu falo.
Quero levar aos outros o que tenho de melhor dentro de mim: a palavra falada.
A minha. Não a "Dele". Essa, está fora de mim.
Não a conheço.
Não a alçanço.
Não a subscrevo. Não a temo.
Desminto-a. Afirmo-me.
Convicta: eu acredito em mim.
Existo. Insisto. Insight. Ferramenta indiscutível. Clara. Transparente.
Não olho para depois, não vejo atrás de nunca.
Espelhos de mil formas redondas com pontas de espargos brancos cozidos a vapor.
O lápis colorido macerado a óleo de côco com que escrevo é luz,
é vida. Hoje.
Aqui. A alma não foge. Fica.
Parto em busca da verdade. Procura-me.
Atravesso o caminho a passo descontraído sem contornar o óraculo interior.
Não quero a resposta.

... ...

Deus.

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

sim, e ler-te nessa brecha
de sentido que se abre à força
na tua incredulidade é também
ser um deus-pessoa em que crês,
e isso devolve-me o sentido de
pertença que deus deve sentir
ao estar em todos nesta ausência
atípica que é a dele e que tu
denuncias como caesura entre a
realidade e a inexistência de
espaço entre nós e ELE.
a Diferença de Deleuze
a Fala de Barthes
o Id de Freud
é a tua Caesura que limpa o horizonte da dúvida e nos liberta do medo de não existir.
gosto da filó-analista que se escondia e desponta aurora atrás de aurora.
Beijinho grande,
J.

01:06  
Anonymous Anónimo said...

Minha querida amiga Azul, repito, se me permites, uma frase tua: "Convicta: eu acredito em mim.". Básicamente, tudo o que eu poderia dizer sobre Deus resume-se a esta frase que tu tão bem soubeste definir e sintetizar. Acredito na bondade (ou não) das pessoas, na sua consciência, na sua forma de estar e de optar, nas suas decisões e fragilidades, em suma, na sua forma de estar e de se posicionar na vida. Para mim, Deus resume-se à essência positiva que cada um tem dentro de si (ou não) consoante falemos de Deus (entidade boa e essencia positiva) ou Diabo (caracteristicas negativas e personalidade desfragmentada). Bicadinhas boas para ti (trata-me por tu, ok?)

01:51  
Blogger segurademim said...

Nunca queremos A resposta! a vida esse percurso entre o nascer e o morrer, é demasiado duro se pensarmos que nascemos para morrer, é quase insuportável... Para suavizar o pensamento sobre essa realidade, cremos! sem dúvida que ajuda a caminhada...
:)

09:54  
Blogger Alberto Oliveira said...

Tive uma infância e início da adolescência marcadas pela dúvida. Apresentaram-me uma figura não visível que era suposto existir; inatingível, como só se podem descrever os deuses. Um deus feito à imagem do homem, isento de defeitos como o homem procura a todo o transe, ser... e não é capaz. Pelos dados que tenho da história da humanidade, o homem é seguramente o seu pior inimigo. Claro que há excepções; tão poucas, que nem conseguiriam ter voz para eleger um presidente da república...
A "arte" da religião reside precisamente nisto; preparar os homens para os unir... depois da sua passagem terrena.

Como diria o outro. "Que deus me perdoe por ser ateu..."

Belo texto!

Abraço.

19:43  
Anonymous Anónimo said...

Simplesmente fantástico!!!jinhos

22:30  
Blogger Alberto Oliveira said...

Desejos sinceros de uma óptima quadra... e que no próximo ano, se concretizem todos os seus desejos.
São os votos sinceros deste seu correspondente virtual.
Beijos

22:17  

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