A Árvore de Natal e o Puf Amarelo.
Boa noite, mano.
Adivinha de onde poderei estar a escrever-te!?
Estou sentada no puf amarelo de frente para o arbusto
enorme, alto, fingido
que compraste aqui há anos para enfeitar nesta época.
Hoje fiz a nossa Árvore de Natal. Pedi à mãe que
me trouxesse a que era tua e plantei-a no canto da minha sala
junto à janela da lareira para a poderes ver dai. Vês?
Enchi-a de bolas vermelhas e doiradas e de
laçarotes e presentes pequeninos embrulhados em papel brilhante.
Sim, também lá coloquei a botinha de feltro que alguém te deu
quando eras um miúdo
e as luzes que comprámos juntos no El Corte Inglés, lembras-te?
Hoje senti a tua falta,
não sabia quantas bolas deveria pendurar.
Sabes bem como sou exagerada, como por vezes me é difícil
calcular a medida certa das coisas.
Qual é a medida certa das coisas, mano?
........ ........
Olha. Outra coisa.
O pai anda muito em baixo. Diz que já podes voltar
porque ele tem saudades dos calduços carinhosos que lhe davas
e que tanto o animavam.
E a mãe?
A mãe volta não volta chora e depois
dou-lhe um abracinho e choramos juntas, baixinho.
Andámos a limpar a minha casa no fim de semana.
Não podemos parar mano, senão temos a sensação que o mundo
já não é mundo.
Mas, não te preocupes com ela, que eu mimo-a.
Eu?
Eu estou aqui sentada no puf amarelo a escrever no meu moleskine
e a tentar não olhar para o teu retrato
para não sentir mais o vibrar insistente do teu sorriso maroto
e a esforçar-me por acreditar que daqui a uns meses
já não vou ter mil coisas para te contar.
POr enquanto, o que me dava mesmo jeito
era poder voltar a conversar contigo nem que fosse por mais
uma tarde inteira. Sabes como sou mexida não é?
E como gosto de viver tudo intensamente. Pois!
No último mês aconteceram-me muitas coisas importantes
e novas para mim. Queria contar-tas agora!
Mas, tu morres-te-me há mês ...
Adivinha de onde poderei estar a escrever-te!?
Estou sentada no puf amarelo de frente para o arbusto
enorme, alto, fingido
que compraste aqui há anos para enfeitar nesta época.
Hoje fiz a nossa Árvore de Natal. Pedi à mãe que
me trouxesse a que era tua e plantei-a no canto da minha sala
junto à janela da lareira para a poderes ver dai. Vês?
Enchi-a de bolas vermelhas e doiradas e de
laçarotes e presentes pequeninos embrulhados em papel brilhante.
Sim, também lá coloquei a botinha de feltro que alguém te deu
quando eras um miúdo
e as luzes que comprámos juntos no El Corte Inglés, lembras-te?
Hoje senti a tua falta,
não sabia quantas bolas deveria pendurar.
Sabes bem como sou exagerada, como por vezes me é difícil
calcular a medida certa das coisas.
Qual é a medida certa das coisas, mano?
........ ........
Olha. Outra coisa.
O pai anda muito em baixo. Diz que já podes voltar
porque ele tem saudades dos calduços carinhosos que lhe davas
e que tanto o animavam.
E a mãe?
A mãe volta não volta chora e depois
dou-lhe um abracinho e choramos juntas, baixinho.
Andámos a limpar a minha casa no fim de semana.
Não podemos parar mano, senão temos a sensação que o mundo
já não é mundo.
Mas, não te preocupes com ela, que eu mimo-a.
Eu?
Eu estou aqui sentada no puf amarelo a escrever no meu moleskine
e a tentar não olhar para o teu retrato
para não sentir mais o vibrar insistente do teu sorriso maroto
e a esforçar-me por acreditar que daqui a uns meses
já não vou ter mil coisas para te contar.
POr enquanto, o que me dava mesmo jeito
era poder voltar a conversar contigo nem que fosse por mais
uma tarde inteira. Sabes como sou mexida não é?
E como gosto de viver tudo intensamente. Pois!
No último mês aconteceram-me muitas coisas importantes
e novas para mim. Queria contar-tas agora!
Mas, tu morres-te-me há mês ...
5 Comments:
Cheguei po aqui cruzando visitas em blogs e deparei-me com seu belo texto. Saudoso, sensível, difícil. Não queria estar no teu lugar, mas quem o quer? Não podemos escolher, pois é nosso destino nos perdermos e perdermos aqueles que nos rodeiam e que são parte da nossa vida.
Ainda mais quando a morte é inesperada. E nos leva uma pessoa com tanto ainda a viver. Perdi meu pai, uma tia muito querida, minha vó. Anos já se passaram e ainda não me acostumo a isso, pois por vezes fico a pensar como se estivessem em casa, à espera de notícias minhas.
Torço para que tenha força, muita força. É uma época difícil (acho eu) estas coisas de fim de ano...
Tudo de bom, de todo coração,
Wagner
Texto muito bonito, num registo contido mas intenso. Parei a ler... a pensar... a sentir.
Nunca nos habituaremos à morte daqueles que amammos, nunca! - sabendo que ela também virá buscar-nos.
Acompanho-a nessa dor pungente que tão bem nos sabe transmitir.
Beijinho solidário!
... uma "carta" escrita com o coração nas mãos e em tom coloquial fraterno. A "distância" é grande mas a vida não pode parar e o "reencontro" um dia acabará por se verificar...
abraço.
abraço
Era somente o que eu queria da vida - sentir de repente, num arrepio "Qual é a medida certa das coisas..."
Um abraço
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