Cem Truques, Nu Azul

Um Lugar com Vista para Além de Mim ...

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Localização: Lisboa, Portugal

Simplicidade colorida de azul com um guache de água de colónia, seria certamente algo apetecível pelo cheiro, nem que fosse... Um alfinete-de-ama embebido em leite, uma sobremesa nova... E a imaginação, um rosto desfigurado de real...

quinta-feira, maio 27, 2010

amo-te.

"Aquecida pela água cálida e macia que lhe envolvia o corpo, fechou os olhos.
Entre cada uma das lágrimas de felicidade que saboreava nos lábios adocicados por um beijo dedicado, imaginou...se
:
um terreiro distante, aberto
sem linha do horizonte. apenas uma porta a separava da fronteira do frio que fazia lá fora. batia.
em ritmos intermitentes, ora com força, ora de mansinho, abria e fechava contornando-lhe as linhas do busto desenhadas a cinzel por um deus já velho e sem barbas. atento. delicado.
cabelos soltos, negros brilhantes esvoaçavam mostrando-lhe o rosto perfeito. Sorria.
Olhava em frente para o absoluto e recebeu-o na nesga que, de repente, se anunciou parada.
O vento abalou.
no regresso inevitável, ele mostrou-se de novo sem objectivos. veio porque sim. por saber que ali há um abrigo à sua espera. Entrou.
nada disseram. A casa é tua. Podes dormir por cá.
Dormiram. Serenos. Despidos.

Imaginou...se
:
Nunca lhe dirá do seu amor profundo.
recorda-se apenas que um dia
numa banheira de água quente e por entre cada uma das lágrimas de felicidade que saboreou
encontrou o espaço interior onde finalmente escreveu para sempre
amo-te.
"

quinta-feira, maio 13, 2010

...até já!

“... no silêncio de mim, orei.
barafustei contra Deus, contra a Vida, contra tudo.
contra ti.
em desespero de causa, cobrei um Amor à força. um Amor que me aplacasse o grito.
que me fizesse de novo folha branca. sem história recente ou passada.
sem dor.

sofri.

procurei re-escrever-me em busca de uma nova pessoa.
perdi-me em actos desventurados, tentando enganar os golpes
da seringa que me tatuava a alma por dentro.

chorei.

fiz-me monja por um dia.
desci ao fundo do inferno de uma solidão vazia.
escondi-me da chuva, do frio, das estações. do luar que me albergava.
fugi. de ti.
fingi que me ia embora. supliquei que me esperasses. fica. fica, disse baixinho.
espera-me.
aguarda que me recupere do destempero. que me refaça da tareia que levei.

... no silêncio de mim, escutei-te por inteiro.
retomei ao passo de um compasso preciso e rigoroso
a fé no Vínculo. mais do que um laço.
serenei.
ouvi-te dizer: que bonita que estás!
repeti-te mil vezes nas frases que não ouvi.
reli-te ao pormenor, nos traços dos desenhos que fizeste para mim.
senti o cheiro da tua pele. entranhado na minha. palpei o negro
dos teus cabelos, na ponta dos dedos que, fiéis, são capazes de assinar o teu nome em qualquer lugar.

recebi o teu abraço espontâneo, em tamanha serenidade.
mantendo a tranquilidade que, entretanto, veio de novo até mim.
povoa-me a graça do teu olhar, do teu sorriso, do teu: até já..."