Cem Truques, Nu Azul

Um Lugar com Vista para Além de Mim ...

A minha foto
Nome:
Localização: Lisboa, Portugal

Simplicidade colorida de azul com um guache de água de colónia, seria certamente algo apetecível pelo cheiro, nem que fosse... Um alfinete-de-ama embebido em leite, uma sobremesa nova... E a imaginação, um rosto desfigurado de real...

quarta-feira, setembro 24, 2008

Do Silêncio.

Começo a aceitar e a compreender ser no silêncio que melhor te revelas. É nele, sem dúvida, que melhor te escuto.
Ouço-te agora, quando antes não mo permiti, dizeres do teu amor quando me agradeces por ter aceite uma proposta que fizeste há tempos. Escuto as lâminas de alma que me tens mostrado, enquanto eu, inutilmente, me tenho vindo sorrateiramente a escusar admitir que um acontecer como este fosse possível entre nós dois. Fosse possível, simplesmente. Tenho dito a mim mesma que não posso ser mais clara e transparente no que toca aos meus afectos e, contudo, estou quase certa de que tenho sido eu a falar de menos. Tenho sido eu a entupir a relação de falas e mais falas para não deixar de permanecer num silêncio que me isola, que me esconde, que me assusta. Quem tem vindo afinal de contas a falar abertamente de Amor? Quem tem vindo a revelar ser mais sábio, mais maduro, mais directo no discurso que alimenta? Quem...?
Ouço agora o teu convite para morar junto num lar improvisado, cheio de cor e animação, em construção aberta e livre, e tendo a cair na tentação de continuar a pensar que não me levas a sério.
Escuto o teu querer-me para além do tempo, do lugar e do presente, e quase teimo em não aceitar que me és de confiança. No fim das contas, é disto que se tem tratado. Posso talvez desculpar-me a mim mesma, dizendo que tem sido por precaução adulta que me tenho reservado. Ou dizer ainda, que tenho andado também eu a tentar construir um território de confiança mútua que dê lugar, enfim, ao palavreado decente. Porém, por mais que me desculpe ou queira escarpar-me da responsabilidade pelo que sinto, de uma coisa estou segura: neste silêncio, é a confiança humana que sinto em ti que me aparece esclarecida.

quarta-feira, setembro 03, 2008

Do desafio ao Sonho.

Há um ano atrás sentia um desafio dentro de mim a empolgar-me a alma: o de descobrir quem és. Mais do que saber o teu nome próprio, procurava a cada instante de encontro descobrir quem escondias. Procurava de mim, e em mim, desenvolver uma possibilidade discursiva que me alimentasse o sonho longínquo do despontar de um talento qualquer capaz de me devolver a integridade, a confiança, talvez mesmo a dignidade já, entretanto, re-negociada e resgatada, para a poder transformar em algo de novo que valesse a pena. Não sei se acreditava em qualquer das realizações sendo certo que, hoje, volto a escrever em busca de um esclarecimento. Talvez faça somente um balanço. Talvez seja útil procurar reunir os tantos elementos que recolhi entretanto, para te traçar finalmente, fazendo desaparecer de mim o fantasma do desafio. Talvez quisesse até concluir este processo, mas creio perceber agora que não é a conclusão que procuro. Talvez queira antes encontrar o resto do caminho para poder, enfim, continuar.

Dizer de alguém quem é, pode ser no mínimo arriscado, senão mesmo, atrevido. Melhor seria que voltasse a articular os pontos e perceber se consegui, de ti, traçar um desenho cabal, lógico, correcto, ou se simplesmente não fiz outra coisa senão manter-me exactamente como no início, sem nada saber. Se, na verdade, continuo apenas povoada de hipóteses, de possibilidades, de fantasias. Será que fui capaz de te receber em mim? Será que te escutei realmente ao longo deste tempo, ou permaneci centrada numa crença de impossibilidade paralisante, fingindo que me alimento apenas, exclusivamente, da energia desse mesmo desafio sem ligar patavina ao objecto que o objectiva?

Efectivamente deste resposta espontânea a muitas das perguntas que alberguei, sem que invadisse a tua intimidade, caso tas tivesse perguntado. Aos poucos e poucos, foste dizendo de onde vinhas, relembrando a tua infância, partilhando comigo alguns episódios mais graves que viveste. Das perdas irrecuperáveis que tiveste já, dos mal entendidos que provocaram alguns dos momemtos da tua solidão, dos equívocos que não pretendias que se jogassem entre nós. Mostraste-me alguns dos valores fundamentais em que te sustentas como os da Liberdade e da Justiça.
Fomos rindo, cantando juntos, fazendo amor sempre que os corpos se anunciam urgentes.
Temos vindo a tornar-mo-nos cada vez mais cúmplices um do outro nos silêncios que medeiam as palavras com que não nos dizemos. Temos brincado juntos e descoberto uma nova forma de nos mantermos aqui. Não posso dizer que não sei quem és como antes. Contudo, prefiro esquecer-me do que supostamente sei, para continuar a sonhar ... mais alto, mais longe...