Cem Truques, Nu Azul

Um Lugar com Vista para Além de Mim ...

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Localização: Lisboa, Portugal

Simplicidade colorida de azul com um guache de água de colónia, seria certamente algo apetecível pelo cheiro, nem que fosse... Um alfinete-de-ama embebido em leite, uma sobremesa nova... E a imaginação, um rosto desfigurado de real...

quinta-feira, setembro 29, 2005

Solidão.

Estou só uma vez mais.
Só comigo mesma.
Não sei para onde vou, o que verdadeiramente quero para mim ...
Balanço entre nada e menos que tudo. Não decido.
Resisto.
Pretendo.
Insisto.

Pouca sorte a tua
a de não teres o que desejo.

Esqueço-te em milímetros quadrados traçados a giz
no quadro das minhas recordações.
Ocupada em julgamentos tristes,
adio-me.

Não quero ficar aqui.
Não quero partir.
Apenas estar neste lugar longe daí.

segunda-feira, setembro 19, 2005

Beijo.

Está aceite o beijo que me prometeste.
Tenho os lábios prontos.
Acabei de os pintar de vermelho.

quinta-feira, setembro 15, 2005

Curta.

É para mim que escrevo.
Foi a mim que perdi de vista.

sábado, setembro 10, 2005

Fresco devaneio de Idalina.

Pediu uma coca-cola com gelo. “Não há gelo de momento, peço imensa desculpa...” Ficou possessa de raiva, não porque quisesse tomar a coca-cola forçosamente fresca, mas porque tinha imaginado poder sentir de novo o prazer de ter um cubo de gelo na boca.
Não resiste lá muito bem ao sabor do gelo sem sabor e menos ainda às brincadeiras que adora fazer com a ponta da língua nos ditos cubos. É quase um vício que não sabe de onde lhe veio assim como tantos outros que andam por ai e por ali dentro da sua malinha encarnada. Pois claro que é uma malinha de mão, mas não é dessas que se costumam pavonear pelas ruas da cidade, girando pelo ar chamando a atenção da vizinhança para os brilhos que as adornam. Não. A malinha de Idalina pavoneia-se mas não tem brilhos. É simplesmente encarnada e o seu valor reside no que traz lá dentro.

Sorveu o raio do líquido acastanhado de um trago só para, assim, engolir o berro que lhe apeteceu dar à empregada do bar.
As borbulhas saborosas salvaram-lhe a pele quando, ao permitirem salvar-se de ficar engasgada com tamanhas goladas, lhe estimularam a fantasia.
Não havia gelo no bar, mas um cubo aguardava-a na preciosa malinha de mão.
Recostou-se de olhos fechados e instantaneamente, salivou. Humedeceu os lábios com suavidade e deliciou-se com a frescura que os perpassou vinda de dentro.
Soltou um riso atrevido e voltou a fechar a boca para não perder o cubo que, secretamente tinha entrado por ela dentro. Que rico fim de tarde, pensei ...

quinta-feira, setembro 08, 2005

Regresso.

De tão pequena a madrugada empalideceu a gotejar em tinteiros disformes.
Praças, praças, praças
rebecas almofadadas de exageros não eram estranhas aos foguetes endiabrados que se acabrunhavam nas nuvens altas.
Para quê tanta exaltação?
Sabe-se lá para quê. E depois
vieram as vacas e ficaram os bois.
Como normais desatentos
os desalentos desapareceram. Estimularam a razão escondida por debaixo do
alarve.
Alarme?
Não.
Alarve. Eu disse alarve não foi?
Que mania a minha de inventar o inventável. Ou será o demonstrável?
O inigualável?
O já sabido?

Ai o diabo da senhora que matralha com'ó caneco. Livra!