Cem Truques, Nu Azul

Um Lugar com Vista para Além de Mim ...

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Localização: Lisboa, Portugal

Simplicidade colorida de azul com um guache de água de colónia, seria certamente algo apetecível pelo cheiro, nem que fosse... Um alfinete-de-ama embebido em leite, uma sobremesa nova... E a imaginação, um rosto desfigurado de real...

quarta-feira, janeiro 21, 2009

Ainda...

"(...) Não podes aprender-me agora, eu sei. Para que me aprendas, eu espero - não tenho pressa. O que ainda não sei, se bem que começo a sentir que resisto fortemente a aprender, é a amar devagar. Confesso. Eu não sei amar devagarinho como quem toca ao de leve num rosto que descobre de novo, apenas com a polpa mais externa da cabeça dos dedos das mãos. É daqueles toques que ficam para sempre gravados dentro de nós, ainda que seja dos mais simples e suaves e discretos que possam haver. Se quiseres, é um toque inocente. Quando feito por mim, de inocência pérfida. Não consigo amar a direito, com linhas e pespontos seguros e sem tormentos pelo meio. Não sou mulher de amores serenos, invísiveis, caducos. Raramente deixo cair esse lenço ou o deito borda fora, mesmo depois de apodrecido. Por isso, e por uns tantos cigarros que fumei durante anos, tive de parar de o fazer de repente senão morreria cedo de tanto entupimento...!"

terça-feira, janeiro 13, 2009

Arrogância de Narciso!

"Foges constantemente como quem pretende travar uma batalha contínua capaz de negar as perdas e ganhos sucessivos que, de quando em vez, te atrapalham a marcha. Queres combater o tempo que contornas na tua vida, e ofender o espaço que sentes mediar algo de teu contigo mesmo, sem saber ao certo de que tens medo, afinal! Sim, é de medo que julgo tratar-se! Do medo que te leva a mentir descaradamente, ou a ter como passatempo preferido o esvaziamento de ti, procurarando com isso retirar ao outro todo o conteúdo significante. A tua meta mais ambicionada parece ser um absoluto despropósito: arrasar com o diálogo em toda a sua linha mestra. O diálogo interior - aquele em que te dirias nas esperanças que albergas de que um dia, alguém por ti idealizado te vem dizer que és especial (talvez mesmo especialíssimo!), que se quer hipotecar por inteiro a ti, que te ama incondicionalmente e que dispensa que lhe dês de volta o que quer que seja. O diálogo exterior – aquele em que te confrontarias com a liberdade allheia, com a diferença, com exigências de seres chamado a satisfazer necessiadades outras que não as tuas. Odeias o diálogo que constrói uma narrativa – aquele que denuncia o laço que te segura, conforta e afaga a existência. Aquele de que dependes: odeia-lo! Odeias-te! Numa parte de ti, odeias-te. Na outra, amas-te como se ideal fosses: deus! De ambivalência em ambivalência, de fuga em regresso e de novo, em fuga, atravessas o caminho sem dares um único passo na direcção certa..."