Cem Truques, Nu Azul

Um Lugar com Vista para Além de Mim ...

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Localização: Lisboa, Portugal

Simplicidade colorida de azul com um guache de água de colónia, seria certamente algo apetecível pelo cheiro, nem que fosse... Um alfinete-de-ama embebido em leite, uma sobremesa nova... E a imaginação, um rosto desfigurado de real...

terça-feira, março 16, 2010

suspensão.

traços suspensos escorregam nas bacias
das portas fechadas
sombrias
desnatadas ao fim de tanto, tanto tempo.
mortes concisas
esburacadas, premeiam os pobres que
estão de braços postos, sorrindo
naquela ombreira
vadia.
pontes feitas de dedos entrelaçados
esperam sentadas à luz do dia
pelo entardecer da madrugada.

pontos travessas interrogações.
camas perfeitas, esbranquiçadas
acolhem os loucos que anseiam que passe.

permanecem em suspensão.

terça-feira, março 09, 2010

o teu nome...

... não me sai da cabeça. e,
se fosse só na cabeça que teima em permanecer, talvez não me
desse ao trabalho de voltar a escrever. sabes como o teclado me irrita e
o quanto canto vitória de cada vez que consigo passar um tempo sem lhe tocar. mas,
que queres? o teu nome não me sai da cabeça.

(pausa)

escuto-a em conversa velada com o companheiro de viagem.
tomam um chocolate quente numa chávena elegante, ainda que não a partilhem.
parece-me ouvi-la dizer: "amo-o, não tenho dúvidas disso, entendes?"!
ele é mais velho. brilham-lhe os olhos quando olha para ela e, contudo, acena que sim com a cabeça! ele sabe que ela lhe diz a verdade, e quando é a verdade que impera, nada mais há a fazer senão escutá-la - levá-la a sério.
a idade e a experiência indicam-lhe que ela se ilude, pelo menos assim lhe dava jeito que fosse. não teria que lidar com um adversário tão grande.

o amor é terrível, escuto eu do meu lugar!

(pausa)

aos 40 anos chego perto da mudança.
dei-me conta que levanto o braço direito algumas vezes(sobretudo quando me sinto
em êxtase) e me represento como que agarrando a mão de Deus. agradeço
e devolvo-lhe o gesto pelo bem estar que sinto nessas ocasiões.
falta pouco para tudo, penso para mim.
sei que espero, talvez em vão, talvez sem nexo. mas, espero.
entendo perfeitamente os termos do diálogo mudo que comigo estabeleces.
já não precisamos de conversar. as palavras não chegam, nem servem para dizer do que sentimos. já não nos fazem falta.

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o sorriso dela abre-se de forma inigualável quando repete o seu nome.
não lhe sai da cabeça. tem-lo gravado no coração.

sexta-feira, março 05, 2010

no reverso...


.. existe uma casa
arruinada
talvez sozinha,
isolada!
no labirinto dos arrozais
submersos pela subida das marés
encontro-me no espelho que de mim teço
vazia
serena
tardia...

desperto para a fantasia
de um sonho por terminar.
cedo descubro que pus fim ao sacrifício
e embalo-me na espuma de outros dias
num devir por acontecer!


(Fotografia: Jorge Pereira)