Cem Truques, Nu Azul

Um Lugar com Vista para Além de Mim ...

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Localização: Lisboa, Portugal

Simplicidade colorida de azul com um guache de água de colónia, seria certamente algo apetecível pelo cheiro, nem que fosse... Um alfinete-de-ama embebido em leite, uma sobremesa nova... E a imaginação, um rosto desfigurado de real...

quinta-feira, maio 29, 2008

pela manhã...

Telhados amplos protegendo paredes
traçam perfis arquitectónicos, esculpindo
imaginários subversivos
submersos em
misturas de chá, vindas do Oriente.
Ervas doces, orvalhadas pela manhã
cobrem de verde as madeiras das casas
dentro das quais se ouvem os pés
descalços
dos amantes serenos...
Os rostos pintados aos pormenor
cobertos de branco, decorados com tintas
negras e rubras,
destacam a luxúria extasiante,
prometem segredos,
disfarçam sentidos,
tapam os buracos do desconhecido.
Dedos miúdos, delgados
sobram nas sedas enroladas à cintura
e descobrem o Sol que as ilumina.

Telhados de casas profundas
desvelam a riqueza das ternuras
dos laços energéticos
que acontecem pela manhã.

segunda-feira, maio 19, 2008

Partilha.

Há reflexões dentro de nós que, volta não volta, re-surgem como necessárias.
Em tempos, enquanto me deitava regularmente num divã de costas voltadas para alguém que, pacientemente me ouvia, perguntava-me entre tantas outras coisas, o que seria eu capaz de fazer por amor. É daquelas perguntas banais que qualquer ser que se dedique a pensar-se de uma maneira tão íntima e profunda, esbarram em nós, como que procurando-nos, sustentando a busca desembaraçada que empreendemos para percebermos quem somos.
Lembro-me que a resposta que dava a mim própria nesse tempo já distante, era de que estaria disposta a muito pouco. Basicamente, a muito pouco. Estava aparentemente segura de que o que tinha, onde estava, o que sabia e, sobretudo, o que queria privilegiar na minha vida, não passava por me disponibilizar a mudanças de grande porte, em nome de um tão falado amor.
Dito de outro modo, não me via, na altura a que me refiro, a viver um amor com alguém que justificasse grandes mudanças ou alterações na minha vida. Queria convencer-me de que o amor que tinha conhecido, até então, me bastava. Queria esconder de mim mesma a verdade maior: a de que há muito tinha deixado de acreditar que esse amor que justifica a mudança (que, simultaneamente promove a mudança, o progresso, porque acrescenta a cada um dos amantes, conhecimento sobre si próprio e sobre a vida) teria algum dia, lugar na minha vida.
Resposta feita, concluída. Não se fala mais nisso! - disse-me em segredo - para não ter de perceber que, para além da minha descrença acentuada, o amor que tinha conhecido até então me tinha magoado a valer.
Lembro-me que me dizia que amar a um outro era algo de essencial para mim, mesmo que o retorno que desse movimento obtivesse, fosse escasso, insatisfatório. Na verdade, queria convencer-me de que deveria ser como mais ninguém, isto é, deveria suportar como bastante, amar, mesmo sem me sentir amada de volta.

Admito que dificilmente suportei perceber na altura que, para além da descrença que me habitava relativamente ao amor, obrigava-me a uma espécie de pacto com o diabo! Mentia-me! Atraiçoava-me! Submetia-me a uma indiferença que passou a ser de mim, para mim mesma. A um abandono repetido, intrangisente que, em surdina me dizia, insistindo, para que não me aventurasse. Achava eu que não valia a pena. O Amor. Eu. A minha vida. Não valia a pena...

Reflicto de novo, anos passados. Que sou eu hoje capaz de fazer por amor? Pergunto-me outra vez.
Dá-me vontade de rir, agora!
Desta vez não sei responder...

quinta-feira, maio 08, 2008

Despertar.

Há muito que aguardo um Sábio
Que me indique a hora, o lugar
Talvez mesmo o patamar
para onde posso progredir.
Certa de que ouço cantar,
Navego aos bocados por entre nuvens
Desfeitas, dispersas
Atenta ao sinal do devir.
Fruto da ocasião
Proposta a cena aberta,
Confio a caneta à madrugada
Escuto o som do mar,
abro o coração:

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fico desperta...