Cem Truques, Nu Azul

Um Lugar com Vista para Além de Mim ...

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Localização: Lisboa, Portugal

Simplicidade colorida de azul com um guache de água de colónia, seria certamente algo apetecível pelo cheiro, nem que fosse... Um alfinete-de-ama embebido em leite, uma sobremesa nova... E a imaginação, um rosto desfigurado de real...

sexta-feira, dezembro 23, 2005

BOAS FESTAS.

Em época de Festas desejo a todos quantos me visitaram neste lugar de escrita
um Bom Natal e um Ano de 2006 recheado de tudo quanto desejarem.
Agradeço aos que me visitaram assiduamente a paciência de me lerem.
Aos furtivos, aguardo pelo retorno.

FELIZ NATAL E UM PRÓSPERO ANO NOVO PARA TODOS.

MIL ABRAÇOS. AZUL.

domingo, dezembro 11, 2005

Deus.

Nomeio hoje, pela primeira vez, Deus. O Deus que há dentro de mim.
Sinto que cabe no meu espaço interno tanto quanto nele posso albergar toda a humanidade.
Penso que a história da velha que vos contei, bem como tudo o que vos disse através dela poderia agora resumir-se numa palavra:
Deus. Vocábulo expansivo, expansor. Fala. Voz.
Nunca compreendi como
hoje,
creio,
o que tantas vezes apregoei: Eu acredito nas pessoas.
Fui acusada de não saber o que dizia. De herege. De impura, insana. Acusei-me a mim mesma
porque pensava, pelo que pensava.
Quis firmemente acreditar "Nele" mas teimosamente sentia que me era impossível tal façanha.
Entre "Ele" e Eu havia um fosso intransponível. A palavra não correspondia ao som que ecoava em mim de cada vez que me esforçava, em vão, para negar a caesura.
Percebo
hoje
que não valeu a pena o esforço. A caesura existe. Deus existe. Eu falo.
Quero levar aos outros o que tenho de melhor dentro de mim: a palavra falada.
A minha. Não a "Dele". Essa, está fora de mim.
Não a conheço.
Não a alçanço.
Não a subscrevo. Não a temo.
Desminto-a. Afirmo-me.
Convicta: eu acredito em mim.
Existo. Insisto. Insight. Ferramenta indiscutível. Clara. Transparente.
Não olho para depois, não vejo atrás de nunca.
Espelhos de mil formas redondas com pontas de espargos brancos cozidos a vapor.
O lápis colorido macerado a óleo de côco com que escrevo é luz,
é vida. Hoje.
Aqui. A alma não foge. Fica.
Parto em busca da verdade. Procura-me.
Atravesso o caminho a passo descontraído sem contornar o óraculo interior.
Não quero a resposta.

... ...

Deus.

quinta-feira, dezembro 08, 2005

A Velha.

Cantam os pássaros lá fora animando a praça num dia soalheiro
como o de hoje.
A mulher velha de cara rosada pelo álcool está sentada no banco do jardim em frente à Igreja. Peúgas de lã esgaçadas nos calcanhares bata desbotada por cima da roupa
uma combinação daquelas antigas rendadas no peito
dão-lhe um ar pobre e solitário.
Traz um lenço atado à cabeça encobrindo os cabelos brancos
emaranhados colados a porcaria.
No saco de plástico leva a garrafa de um litro e meio de qualquer coisa. Bebe aos goles tentando disfarçar o indisfarçável.
Está só.
Dorme, acorda, torna a dormir ao som dos pássaros...

Outrora tranças negras emolduravam-lhe o rosto
bojudo e alegre
suponho.
As pernas de tom castanho azulado andam desnudas para quem as queira ver. O frio não importa quase nada. Está um dia de Sol.
Um casaco de malha com desenhos esburacados suaviza-lhe o ar
desnorteado.
Não reparei se está calçada mas imagino que traga chinelos de enfiar no dedo.
Estão na moda. É uma verdadeira dama.
Certamente para além do que vai bebendo de quando em vez comemorando
os dias que não passam mais
terá o delírio por companhia. Ou talvez não. Não faço ideia o que saberá da vida.
Olho-a da varanda do meu escritório e penso que este lugar ganhou uma nova habitante.

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Re-definições.

Espelhos transversais com cestas de produtos da terra
embalados em fitas de calamares
exultam o tempo que fica.
Não há mitos nem tréguas nem mares
nem luares
nem tartarugas.
Existem pequenas fissuras transfiguradas de silicone
mamas pequenas e belas forretas
achatadas
nas calçadas dos estandartes.

Toca o sino da igreja mas deixou de tocar Chopin
e já não se sente o brilho dos românticos
singelos
intensos
poderosos
hilariantes.
Os sons dos clássicos.
Estamos na época das re-definições. Proíbe-se a
música não sacra nos templos
e eu
fico
???????