Cem Truques, Nu Azul

Um Lugar com Vista para Além de Mim ...

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Localização: Lisboa, Portugal

Simplicidade colorida de azul com um guache de água de colónia, seria certamente algo apetecível pelo cheiro, nem que fosse... Um alfinete-de-ama embebido em leite, uma sobremesa nova... E a imaginação, um rosto desfigurado de real...

quarta-feira, dezembro 26, 2007

Só pra dizer...

Se eu fosse poeta
hoje
escreveria sobre o teu entusiasmo
e o encanto vivo que ele transporta
Ou talvez sobre o teu regresso
ou ainda
sobre um mundo pintado em tons coloridos
por inventar e que eu procuro a cada instante descobrir
só para ti.
Se eu fosse poeta
hoje
dir-te-ia que estive numa noite de luar
num paraíso escondido a pensar em ti
só em ti.
Que acordei com vontade de te abraçar
e de te dizer mais uma vez

que


Se eu fosse poeta
hoje
soletrava o abecedário grego para toda a gente ouvir
ou então ensaiava aquele excerto da peça mal decorada
mas com imensa piada, sabes?

Se eu fosse poeta

Se eu fosse poeta
comprava um carrocel só para nós
e enfeitava-me com flores no cabelo
e punha-te uma gravata às pintarolas ao pescoço
e lá íamos nós
endiabrados
andando à roda à roda à roda
até ficarmos de faces rosadas e meios tontos
de tanta brincadeira

ou então
pedia-te para seres meu companheiro num concurso
de balões feitos de pastilha elástica


Ora, se eu fosse poeta...

segunda-feira, dezembro 10, 2007

A Árvore de Natal e o Puf Amarelo.

Boa noite, mano.
Adivinha de onde poderei estar a escrever-te!?
Estou sentada no puf amarelo de frente para o arbusto
enorme, alto, fingido
que compraste aqui há anos para enfeitar nesta época.
Hoje fiz a nossa Árvore de Natal. Pedi à mãe que
me trouxesse a que era tua e plantei-a no canto da minha sala
junto à janela da lareira para a poderes ver dai. Vês?

Enchi-a de bolas vermelhas e doiradas e de
laçarotes e presentes pequeninos embrulhados em papel brilhante.
Sim, também lá coloquei a botinha de feltro que alguém te deu
quando eras um miúdo
e as luzes que comprámos juntos no El Corte Inglés, lembras-te?

Hoje senti a tua falta,
não sabia quantas bolas deveria pendurar.
Sabes bem como sou exagerada, como por vezes me é difícil
calcular a medida certa das coisas.
Qual é a medida certa das coisas, mano?

........ ........

Olha. Outra coisa.
O pai anda muito em baixo. Diz que já podes voltar
porque ele tem saudades dos calduços carinhosos que lhe davas
e que tanto o animavam.
E a mãe?
A mãe volta não volta chora e depois
dou-lhe um abracinho e choramos juntas, baixinho.
Andámos a limpar a minha casa no fim de semana.
Não podemos parar mano, senão temos a sensação que o mundo
já não é mundo.
Mas, não te preocupes com ela, que eu mimo-a.

Eu?

Eu estou aqui sentada no puf amarelo a escrever no meu moleskine
e a tentar não olhar para o teu retrato
para não sentir mais o vibrar insistente do teu sorriso maroto
e a esforçar-me por acreditar que daqui a uns meses
já não vou ter mil coisas para te contar.
POr enquanto, o que me dava mesmo jeito
era poder voltar a conversar contigo nem que fosse por mais
uma tarde inteira. Sabes como sou mexida não é?
E como gosto de viver tudo intensamente. Pois!
No último mês aconteceram-me muitas coisas importantes
e novas para mim. Queria contar-tas agora!
Mas, tu morres-te-me há mês ...

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Passeio na Pena.

"21 de outubro.

Cheira a pinho verde.

Hoje aterrei no paraíso, na terra dos sonhos, dos romances perdidos no tempo, dos contos de fadas e dos príncipes encantados. O aroma amadeirado que paira no ar e a luz que entreabre a folhagem densa e deixa antever o passado, descobre-te em mim e obriga-me a parar o carro e a procurar dizer alguma coisa nova, alguma coisa que ainda não te disse.
Para já, estou sem palavras, embargada num sufoco de Belo que me entope. Preciso realmente de escrever para não rebentar de espanto ou... talvez de Amor.
É o que vejo daqui que (quase) me desespera, que me faz sentir o tamanho do Maravilhoso. É o Maravilhoso o que vejo daqui. Em estado puro. Absoluto.
Bem sei que dizes que exagero! Mas, lembras-te de quando me contaste das noites passadas ao luar na planície alentejana algures da tua vida? De que me disseste que nessas horas sentiste o tamanho do Universo? Pois. Creio ter chegado agora a mais uma zona de sintonia contigo com o que vejo daqui, Carlos. Que pequena sou quando me comparo com a imensidão do que vejo daqui. Perco de vista os limites de tudo, descontrolo-me, quase me desorganizo mentalmente, me desintegro e, o mais engraçado é que me dou conta de que resisto para não regressar. Não quero regressar, Carlos. Não quero voltar para o lugar de onde não avistava nada disto.

Penso que tudo é possível neste instante. Até mesmo, voar!

Sinto a minha alma a ganhar vida e respiro o que vejo à minha volta com os sentidos da alma que tu me trouxeste. A tua. Foste tu quem me trouxe aqui, Carlos. Tu sabias que eu viria.
Não percebo lá muito bem porque te obedeço, porque me deixo levar simplesmente pelo que me dizes, mas percebo que cada linha que escrevo parte de alguma que tu me ditaste. Em troca, gostaria de poder partilhar contigo o cheiro que acabo de recuperar da minha infância a mobílias antigas e a chão encerado de fresco. Este lugar, Carlos. Este lugar de onde te escrevo, é mágico. Inacreditavelmente belo como tu.
Está ali uma janela para sítio nenhum que me levou, ao espreitá-la, ao teu abraço e ao sabor da tua boca. Eu sei que me estou a repetir, mas para mim nunca é demais dizer que te adoro, e que adoro os teus beijos, o gosto da tua língua, o milagre que sinto acontecer-me corpo abaixo quando enches de saliva tua, a minha boca, ao mesmo tempo que vais tocar a lua em espasmos de prazer enquanto fazemos amor.
Experimentei-te agora de novo, sentada num banco verde, de madeira, pintado...

Preparo-me para seguir viagem palácio adentro neste passeio contemplativo..."