Cem Truques, Nu Azul

Um Lugar com Vista para Além de Mim ...

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Localização: Lisboa, Portugal

Simplicidade colorida de azul com um guache de água de colónia, seria certamente algo apetecível pelo cheiro, nem que fosse... Um alfinete-de-ama embebido em leite, uma sobremesa nova... E a imaginação, um rosto desfigurado de real...

terça-feira, abril 22, 2008

Another letter, baby!

"Preciso de acreditar que sou uma poetisa natural, ainda que reconheça não ter o talento devido (menos ainda, o esperado!) na arte da escrita literária.
Preciso de acreditar que saberás ler na minha des-conjuntura aquilo que, em tempos nunca vividos, recebo agora da tua presença real.
Preciso de exercer a minha modéstia a cada assentar do nível, que me esforço por colocar na parede da minha casa interior, bem como da minha sensatez, no movimento ponderado e leve necessário a esse gesto, para que possa dizer com clareza o que escuto viver, e me parece ser de uma beleza ímpar.
Dedico as minhas energias a espreitar pelas janelinhas que se abrem a cada instante, e me permitem ver o mundo que me revelas. Quero aprender contigo o manual completo da diferença. Descubro que o desconheço tanto quanto me fascina e atrai. Quero viajar entretanto, como quem desenha um novo mapa de referência, para me orientar na massa do planeta humano. Leio páginas seguidas de um romance eterno, enquanto me banho do sol que faz as delícias da minha cor. Procuro nelas, saboreando vidas alheias, contar os pedaços do meu imaginário, e cortar de vez com o passado já perdido. Quero construir contigo um barco de madeira, talvez uma casa à beira de um rio ou até uma nave espacial. O que importa mesmo é que seja um albergue, um abrigo, um lugar só nosso para onde podemos sempre voltar. De preferência, quero que tenha terra em volta para cravar lá as minhas mãos como quem amassa bolos-rei no Natal, semeando todos os dias alguma coisa que cresça e alimente a minha fé e vontade de poder continuar a confiar naquilo que me faz sentido... Adoro-te!..."

segunda-feira, abril 14, 2008

Voz.

Era uma vez um homem
cuja Voz me seduziu.
Letras soltas, risos dispersos,
beijos trocados com sabor a pimenta
enleiam-me na travessia da descoberta.
Cenas de filmes não vistos
num arrebatar da alma
prendem-me o coração
suspendendo em mim,
o tempo que corre...
Pára o relógio da história,
arranca o caminhar sereno.
Passeios à beira do Tejo
desvanecem a dúvida que resta...
Escuto o som da renovação e
segredo para mim mesma
que acabo de ler a sina da exactidão.

quinta-feira, abril 10, 2008

carta.

"Em dias de tempestade como o de hoje, resta-me escrever-te uma carta de amor.
Sim, de amor. Ouviste bem.
Sabes como sou, por vezes, mesquinha com a mania das palavras e do uso que teimo em querer que façamos delas. Gostaria que elas me servissem sempre, sempre como idealizei: que me servissem para expressar rigorosamente o que penso e sinto a cada instante.
Lembrei-me hoje, que em tempos te pedi que retirasses do vocabulário que usas a palavra amor, por algo que em mim, admito, talvez se possa assemelhar a uma espécie de pudor acerca do seu conteúdo. Estou certa de que nessa altura foi o pudor que me levou a tal solicitação. Contudo, devo pedir-te desculpas pela limitação a que, entretanto, te votei na expressão livre do teu sentir. Limitei-me a mim mesma sem pensar nisso, na recepção de algo que me dirigias e que eu, afinal, deconhecia.
Não, não vou questionar-me mais acerca do que esta palavra significa, ou a que conteúdos rigorosamente se refere, uma vez que importa agora que seja capaz de me desculpar pela forma grosseira e egoísta com que te tenho recebido interiormente. Na verdade, se o pudor me obrigou a rejeitar tal palavra, o orgulho impede-me com frequência de pedir desculpa.
Gostaria de te dizer que tens sido para mim uma enorme descoberta, mais do que uma grande aventura. A ignorância que experimento em face de cada nova aprendizagem que contigo posso realizar, convece-me de que me enganei à primeira vista. Mais do que um castelo na areia, ou de um fugaz encontro, talvez o que me tenha acontecido seja algo de superior que ainda não sou capaz de nomear.
Desculpa-me, amor. Desculpa-me..."

(...)