Cem Truques, Nu Azul

Um Lugar com Vista para Além de Mim ...

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Localização: Lisboa, Portugal

Simplicidade colorida de azul com um guache de água de colónia, seria certamente algo apetecível pelo cheiro, nem que fosse... Um alfinete-de-ama embebido em leite, uma sobremesa nova... E a imaginação, um rosto desfigurado de real...

sábado, agosto 27, 2005


Soalho longinquo. (foto by Azul) Posted by Picasa


O dedo de Deus! (foto by Azul) Posted by Picasa

domingo, agosto 21, 2005


Sexy. Posted by Picasa

sexta-feira, agosto 12, 2005

Uma história pequena.

Esta pretende ser uma história pequena.
Uma história composta por 4 miúdos + 1.
Eu explico.
Eram 4 miúdos, irmãos, todos seguidinhos uns aos outros. Alinhados, formavam uma escada humana quase perfeita, quer no que diz respeito às respectivas alturas, quer no que toca às suas idades.
Rapazes tristes.
Todos maltratados pela vida rude que tinham.
A casa era pequena para tanta gente. A comida falhava às vezes se bem que a pancada, essa, lhes fosse oferecida todo o santo dia, à sobremesa. Por vezes vinha até mais cedo, logo de manhã pela fresquinha, antes de irem para a escola.

Vi-os crescer da janela do meu quarto, isto é, sei que cresceram porque ainda hoje os revi a todos e pude observar que se mantiveram de pé. Alguns estão tão altos quanto pilares de ferro e betão, daqueles que sustêm os prédios modernos.
Outrora, padeciam de reumatismo precoce, alguns pareciam raquíticos, todos com ar adoentado.
Eram excelentes actores. Comoviam-me com a performance que constantemente mantinham, visando disfarçar a vergonha, a humilhação, a fome de afecto que sobejava dentro deles.

O então mais novo, tinha problemas com a aprendizagem escolar. Dizia-se. Aliás, todos eles eram fracos alunos e, por isso, todos vestiram cedo fatos de macaco e demais vestimentas de luxo, bem adornadas e macias. O pai não dispensava um bom whisky a seguir ao jantar. Fazia parte da tradição daquela gente.
Ajudei-o a ler melhor e a brincar com os jogos que eram do meu irmão e que ele nunca tinha visto. Não sei se era miopia. Não sei se era a atenção que lhe dedicava só a ele que o encantava. Hoje, brilharam-lhe os olhos mais uma vez quando me viu. Faz 18 anos. Parabéns. Estás tão crescido, ou será que fui eu que envelheci? Não importa muito pois não? Rimos.

Lembro-me que por vezes pedi à minha mãe para lhes dar algum do nosso leite. Talvez fosse a fraca qualidade do leite que bebiam a causa para que andassem sempre de olhos postos no chão como quem não aguenta mais e, contudo, acredita ainda que um dia alguém se lembrará deles.

A mãe não trabalhava porque o pai não queria que saísse de casa a não ser para se ir aviar de mercearias com o dinheiro contado, ou para ir lavar os alqueires de roupa aos tanques da aldeia. Era ir num pé e vir no mesmo que o jantar precisava de estar no prato à hora certa e o corpinho tinha que estar em forma para servir de ringue ao boxer profissional.

O estrondo ouviu-se no bairro. Era um tiro de caçadeira. As paredes ficaram manchadas de sangue e o tecto fez de bandeja ao manjar de miolos frescos. Matou-se.
Estava doente. Já não tinha força para bater tanto. Tinha de andar ao colo até para mijar. Nao aguentou, coitado!

Os rapazes choraram a sua morte. Era o pai deles. Compreende-se.
Hoje vi-os felizes a todos, e bem de saúde.
A eira em frente da minha casa de infância estava replecta de miudagem. As bicicletas levantavam a gravilha miúda no terreiro e espalhavam a areia que o vizinho tinha comprado para as obras. Ai, ai o vizinho!
O puto riu-se descaradamente. Falta-lhe ainda um dente na frente o que lhe dá um ar atrevido. Está bronzeado do sol por andar em tronco nú o dia inteiro, em cima da sua mini bicicleta.

É o mais novo de todos. O Zé. Tem 4 anos ou perto disso. É um garoto feliz, livre, amado por todos quantos moram ali. É da família.
Os outros catraios são sobrinhos dele. Alguns mais velhos que o tio.
A mãe comprou um vestido novo para levar ao casamento do filho e ao baptizado do neto e do seu Zé, e uma carteirinha de mão, daquelas muito chiques, de cerimónia.
Fui ao cabeleireiro e tudo. A vizinha acha que fiz bem?

terça-feira, agosto 09, 2005

Gotas de água.

Estão geladas estas gotas de água
que me escorrem garganta dentro
e me refrescam a alma devolvendo-me
à essência de mim.
Translúcidas,
revelam a pureza dos afectos mais nobres
e a delicadeza das relvas acabadas de regar.
Massajam-me por dentro como pontas de dedos hidratados
calcorreiam o meu corpo em noites de Verão.

São gotas santas em tempo de modéstia.
São vitrais cristalinos coroados de felicidade.
São cruciais como o perfume das flores que lavei com alecrim.
São pedaços de vida.

quarta-feira, agosto 03, 2005

Esta magia é redonda.

Esta magia é redonda
como aquela aguarela ali adiante que salpica de verniz açucarado
o albergue de mil folhas de cetim.
É azulada como a saia do pastor. Não tem segredo nenhum.

Esta magia vem do fundo do mar
E traz com ela a sapiência do valor.

Revela a ilustração absurda,
A limpidez da travessia,
O escuro do luar.

Esta magia vem do fundo do mar.

Cheira a jasmim, rosas e bergamota.
Faz-me corar.
Empalideço quando a escuto,
Reconheço que tem razão: é fruto da minha imaginação!

segunda-feira, agosto 01, 2005


Vermelho! Posted by Picasa

Estrela do Mar.

"Numa noite em que o céu tinha um brilho mais forte
E em que o sono parecia disposto a não vir
Fui estender-me na praia, sozinho, ao relento
E ali, longe do tempo, acabei por dormir

Acordei com o toque suave de um beijo
E uma cara encheu-me o olhar
Ainda meio a sonhar perguntei-lhe quem era
Ela riu-se e disse baixinho "estrela do mar"

Sou a estrela do mar
Só a ele obedeço, só ele me conhece
Só ele sabe quem sou no princípio e no fim
Só a ele sou fiel e é ele quem me protege
Quando alguém quer à força ser dono de mim...

Não sei se era maior o desejo ou o espanto
Só sei que por instantes deixei de pensar
Uma chama invisível incendiou-me o peito
Qualquer coisa impossível fez-me acreditar

Em silêncio trocámos segredos e abraços
Inscrevemos no espaço um novo alfabeto
Já passaram mil anos sobre o nosso encontro
Mas mil anos são pouco ou nada para a estrela do mar

Sou a estrela do mar
Só a ele obedeço, só ele me conhece
Só ele sabe quem sou no princípio e no fim
Só a ele sou fiel e é ele quem me protege
Quando alguém quer à força ser dono de mim..."

(Letra de canção de Jorge Palma, que eu adoro. Ás vezes tenho a vaidade de pensar que a escreveu e cantou para mim. Será?lol)